O jogo Wargame: Red Dragon é a continuação da série Wargame, que eu confesso que apesar de ser um grande fã de jogos de guerra, nunca tinha jogado. O principal motivo é que sempre achei, vendo trailers, que fosse muito arcade e simples, sendo que minha preferência sempre foi o realismo. Depois que joguei e testei Wargame: Red Dragon por mais de 15 horas, posso afirmar que minha opinião em relação a série mudou bastante. O jogo, apesar de não ser totalmente realista, é bem complexo e tem uma curva de aprendizado grande, mas será que vale a pena aprender a jogar?
Logo que você abrir Wargame terá uma surpresa, o jogo faz um benchmark (teste de velocidade do computador) sozinho para testar suas configurações de vídeo, ele vai repetindo a mesma cena e aumentando a qualidade gráfica até ficar na melhor relação gráfico x fps. Depois disso, você irá conhecer a tela inicial onde tive uma boa impressão, as telas de loading são bonitas, o menu principal é bem feito e imita o painel de um veículo militar e ao lado fica um chat global onde todos os jogadores podem conversar.
Se você nunca jogou Wargame, como era meu caso, irá procurar o menu “Tutoriais”. Nele o jogo oferece uma série de tutoriais, desde funções básicas até mais avançadas. O grande problema é que todos os tutoriais do jogo não são interativos, sendo compostos apenas de imagens e texto em um formato como um blog ou manual, no máximo uma GIF animada. Isso é péssimo. Quem nos dias de hoje, da era touch e do fácil, tem paciência de ficar lendo manual de jogo? Pfft. O problema se agrava ainda mais considerando que o jogo tem uma metodologia de UI e jogabilidade bem diferente de qualquer RTS. As chances são que se você não tiver paciência para ler o “tutorial” (mais para manual) irá ficar perdidinho no jogo.
Diferente do tutorial, as campanhas de Wargame: Red Dragon são muito bem feitas, o jogo tem uma introdução animada muito interessante contando toda a história da campanha que você está prestes a lutar, fiquei muito empolgado para começar a batalhar os norte coreanos (No caso da primeira campanha). Depois da entrada, a campanha apresenta um mapa de campanha global, similar a jogos como Close Combat e Total war. Nesta parte você pode posicionar seus soldados e armar as batalhas para serem travadas no mapa de combate. A tela é interessante, porém, pode ser um pouco confusa para os jogadores iniciantes, levei um tempo para entender como desembarcar as tropas americanas no território Coreano pois o botão mais importante, “disembark”, ficava sem destaque e no canto da tela. O final da campanha porém, é meio decepcionante, pois tudo que você recebe depois de travar dezenas de batalhas é um soldado com um balão de conversa te parabenizando.
Agora vamos ao mais importante, as batalhas em si. Primeiramente, o gráfico do jogo é muito bonito, e tem efeitos muito interessantes. O fato de poder dar zoom desde a visão do soldado no campo de batalha até a estratosfera sem criar “fumaças” de limitação de visão é incrível. O jogo tem uma inteligência muito legal de adaptação do gráfico dependendo do zoom que você escolher, sendo assim, ele não ficará ultra mega pesado quando você der zoom out. Os cenários também são muito bem feitos, as cidades, florestas, montanhas, praias e rios parecem naturais e realistas, como baseados em mapas reais. O problema fica na UI, que não é intuitiva, não da destaque a botões importantes e os avisos de movimentação inimiga e ataques são mal feitos, sendo apenas um texto quase ilegível vermelho no meio da tela.
A jogabilidade de Wargame: Red Dragon é surpreendentemente boa e complexa. O jogo conta com uma gigantesca diversidade de unidades de diversos países do mundo, sendo divididas em diversas categorias, como: logística, infantaria, reconhecimento, blindados, suporte, veículos diversos, helicópteros, aviões e marinha. Cada unidade exibe um painel detalhado demonstrando qual tipo de armamento carrega, qual sua blindagem, poder de fogo etc, sendo bem fiel a realidade. O estilo de jogo é similar a Men of War, você não pode construir base, porém, vai recebendo recursos durante a partida para comprar novas unidades que chegam como reforço. O combate é complexo e interessante, as unidades sentem medo, entram em pânico, podem se esconder em floresta e casas e precisam receber suprimentos como combustível e munição de caminhões de suprimentos. O único ponto fraco fica na infantaria, que é muito básica e não tem movimentos complexos como se esconder, tacar granadas etc. Os soldados vão correndo e atirando como um grupo de mini rambos.
O multiplayer do jogo é muito bem aproveitado e bem feito, existem diversas salas de jogadores e também salas oficiais suportando até 20 pessoas na mesma partida. Você pode criar de graça servidores privados com ou sem rank, nos modos de jogo Conquest (que você ganha pontos por capturar setores do mapa) ou Destruction (que você ganha pontos por destruir unidades inimigas). Os servidores tem ping bom para brasileiros e eu consegui jogar online, sem lag, todas as vezes que tentei sem nenhum problema. Inclusive achei a comunidade amigável e muitos me ajudaram a entender algumas funcionalidades bem não intuitivas do jogo, como o fato de apenas unidades de comando poderem tomar pontos de captura e caso a unidade de comando for infantaria, você tem que mandar eles descerem do veículo (clicando em um botão sem destaque no canto inferior da tela) para capturar.
Para adicionar ainda mais complexidade e diversidade, Wargame: Red Dragon ainda conta com um sistema de “decks”, que são as unidades que estarão disponíveis para você comprar durante a partida. Ao invés de disponibilizar as mesmas unidades para todos os jogadores, você é capaz de montar e personalizar seu próprio exército antes da partida, escolhendo entre centenas de unidades divididas em dezenas de países e com diversas especialidades. Os decks ainda contam com especialidades, por exemplo, você pode montar um deck especializado em blindados e limitado ao exército da Rússia. Depois que você terminar e salvar seu “deck”, você poderá então usar seu exército único em partidas singleplayer e multiplayer. Achei isso muito interessante, mas requer bastante paciência para estudar cada unidade e formar o exército ideal.
O som do jogo é legal, mas nada de mais. As músicas não são marcantes e o som das batalhas, apesar de serem bem feitos, não é nada de outro mundo. Acho que a palavra que mais se encaixa para o som de Wargame: Red Dragon é “Ok”.
Wargame: Red Dragon é um jogo muito bem feito e com uma complexidade surpreendente. A jogabilidade é desafiadora, os gráficos são lindos, as possibilidades são gigantescas e o multiplayer é muito bem aproveitado. O grande problema do jogo são os tutoriais, que não são “jogáveis”, ao invés disso, são textos com imagens, igual um manual. A UI não é intuitiva e o jogo tem uma linha de aprendizado grande. Sendo assim, aprender a jogar pode ser um desafio e tanto. Se você tiver paciência de aprender, descobrirá uma pérola muito promissora.
Pontos positivos:
Pontos negativos:
Nota final: 8.5
Caso tenha gostado da matéria, compartilhe com seus amigos clicando abaixo:
Fundador do site Games de Guerra e viciado em jogos de guerra desde 1996